O impacto das energias renováveis e limpas no cabaz energético espanhol

Energias renováveis: uma tendência imparável

Nas últimas décadas, Espanha passou por uma transformação significativa na produção de energia, com o aumento proeminente das energias renováveis e limpas no cabaz energético do país.

As energias renováveis ganharam terreno em Espanha, abrangendo fontes como a solar, a eólica, a hídrica e a biomassa. Dados recentes indicam que as energias renováveis marcaram um novo recorde em Espanha, cobrindo mais de metade da procura de eletricidade em 2023. Mais concretamente, segundo a Red Eléctrica (REE), atingiu 50,4%, registando desta forma um máximo histórico de produção de mais de 135.000 GWh, com a energia eólica e a solar fotovoltaica a baterem os seus próprios recordes de produção e participação na estrutura de produção energética.

Seguindo esta tendência, de acordo com os últimos dados da Red Eléctrica, no último mês de 2023, as energias renováveis atingiram uma quota de 54,6% do cabaz de produção com 12.354 GWh registados. A contribuição das energias renováveis nesse mês foi 24,6 % superior à registada no mesmo período de dezembro de 2022.

Energia solar e eólica, um pilar essencial

A energia solar e eólica são já pilares essenciais no panorama energético espanhol. A produção de eletricidade a partir da energia solar e eólica tem registado um crescimento exponencial, evidenciado pela proliferação de parques solares e de parques eólicos em diversas regiões do país.

A energia eólica ocupa o primeiro lugar na estrutura de produção, com uma quota de 23,5%, aproximando-se dos 63.700 GWh. Por sua vez, a energia fotovoltaica ocupa o quarto lugar no cabaz energético, com 14% e uma produção de mais de 37.000 GWh, quase 34% mais do que no exercício de 2022.

Espanha, uma referência europeia

Devido à incorporação maciça de novas capacidades fotovoltaicas e ao aumento da produção eólica e hídrica, novembro de 2023 tornou-se, até ao momento, o mês com as emissões mais baixas da história do sistema elétrico espanhol.

Ao analisar a transição para as energias renováveis e limpas em Espanha, é essencial colocar estas mudanças no contexto europeu, especialmente considerando países próximos como a Alemanha e a Itália, os quais também desenvolveram esforços significativos neste sentido.

Alemanha, líder em energias renováveis

A Alemanha destaca-se enquanto líder europeu na adoção de energias renováveis. A transição energética da Alemanha conduziu à implementação maciça de tecnologias solares e eólicas. A capacidade instalada de energias renováveis na Alemanha excede consideravelmente a capacidade instalada em Espanha, sendo uma referência na integração destas fontes no seu cabaz energético. Não obstante, foi durante 2023 que as renováveis cobriram pela primeira vez mais da metade (52%) do consumo elétrico na Alemanha.

Itália e a sua abordagem integrada

Já Itália adotou uma abordagem holística que engloba tanto as energias renováveis como as tecnologias limpas. A diversificação da sua produção energética traduz-se na combinação de fontes solares, eólicas, hídricas e nucleares. Esta abordagem multidimensional reflete a importância de considerar várias opções para alcançar uma transição sustentável.

França e o seu compromisso nuclear

Ao contrário de Espanha, a energia nuclear desempenha um papel central no cabaz energético francês. Cerca de três quartos da eletricidade francesa é proveniente de centrais nucleares. Esta escolha estratégica proporcionou ao país uma fonte de energia estável e com baixo teor de carbono, embora continue a gerar dúvidas sobre a gestão dos resíduos nucleares.

Embora em França se tenha registado um crescimento na utilização de energias renováveis nos últimos anos, a sua quota ainda não alcançou a de Espanha. A energia solar e especialmente a energia eólica, com um recorde em novembro de 2023, estão a ganhar terreno no nosso país vizinho, mas o destaque dado à energia nuclear influenciou a velocidade da transição para as energias renováveis comparativamente a outros países europeus.

A China acelera as energias renováveis

Fora do contexto europeu e num contexto global, 2023 marcou uma mudança radical no crescimento das energias renováveis nos próximos cinco anos. De acordo com a Agência Mundial da Energia, "esta aceleração global em 2023 foi impulsionada principalmente pela expansão anual do mercado chinês de energia solar fotovoltaica (+116%) e eólica (+66%)".

Entre 2023 e 2028, a China - o país com mais emissões de gases com efeito de estufa e de poluentes - irá instalar quase cinco vezes mais capacidade renovável do que a União Europeia e seis vezes mais do que os Estados Unidos, que continuarão a ser o segundo e o terceiro mercados com maior crescimento. O objetivo do Governo chinês é atingir o Net Zero até 2060.